Fóssil de tubarão com asas

 Paleontólogos identificaram o fóssil de uma nova espécie de peixe cartilaginoso, um tipo de tubarão com asas semelhantes às de uma raia, que viveu durante o período Cretáceo, nas águas do Golfo do México, há cerca de 95 milhões de anos. O animal foi batizado de tubarão-águia (Aquilolamna milarcae), de acordo com estudo publicado em 19 de março pela revista Science.

O fóssil foi originalmente descoberto em Vallecillo, no México, em 2012, e posteriormente analisado por uma equipe internacional de paleontólogos. De acordo com o estudo, o inusitado animal de quase dois metros de comprimento combinava um corpo aerodinâmico com barbatanas em forma de asas.

A descoberta do fóssil chamou a atenção de Margarito González González, paleontólogo mexicano que recolheu e preparou o fóssil preservado. As fotografias geraram controvérsia em conferências de paleontologia, até que um estudo comandado pelo paleontólogo Romain Vullo, concluiu se tratar de um exemplar inédito de tubarão comedor de plâncton. Até então, só se tinha notícia da existência de peixes ósseos pachycormidae, já extintos, que faziam parte da mesma família, a subclasse de peixes Elasmobranchii.

“Minha primeira reação ao ver o fóssil foi pensar que esta morfologia única era completamente nova e desconhecida entre os tubarões”, disse Romain Vullo, paleontólogo do Museu Estadual de Karlsruhe, na Alemanha, e do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), na França. Ele explicou que geralmente os tubarões fósseis são identificados pelos dentes ou um pedaço de coluna vertebral, enquanto a espécie voadora teve seu esqueleto completo preservado.

A criatura recém-identificada mistura elementos de outros tubarões e raias. A barbatana caudal com um lobo superior bem desenvolvido também é vista em tubarões-baleia (Rhincodon typus) e tubarões-tigre (Galeocerdo cuvier). Já as nadadeiras peitorais finas, que lembram asas, são parecidas com as de raias manta (Mobula birostris)Segundo Kenshu Shimada, professor de paleobiologia na Universidade DePaul, em Chicago, este tipo animal é completamente inesperado e pode representar a evidência de que uma enorme e estranha variedade de tubarões seguiu existindo durante mais tempo do que se pensava. “A forma do corpo e o estilo de vida com uma alimentação por filtragem propostos no novo estudo são bastante convincentes”, disse Kenshu Shimada à National Geographic. Ele lamentou o fato de os dentes do peixe não terem sido preservados.

Há também especialistas mais céticos, que duvidam se tratar de uma nova espécie de tubarão. “Existem muitas características exóticas descritas pelos autores, e tenho reservas sobre algumas das suas interpretações. Gostaria de ver mais investigações sobre este novo e notável fóssil”, afirmou Allison Bronson, paleontóloga da Universidade Estadual Humboldt da Califórnia.

Acredita-se que 75% de todas as espécies marinhas tenham sido extintas no período Cretáceo. Outros animais que se alimentam por meio de filtragem, incluindo os antepassados do tubarão-boca-grande, tubarão-baleia e tubarão-frade, evoluíram desde então. “O registo fóssil de tubarões e raias é bom em termos de períodos cobertos, mas a forma do corpo de muitas espécies extintas permanece enigmática”, conclui Romain Vullo.

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